16 de abril de 2009

SUAVES E MALDITOS

Suave a faca que corta o legume.
Suave a mão que me massageia o corpo,
Suave a boca que beija,
Suave a língua que me roça,
Suave o dedo que me coça.


Maldita a faca que me corta a garganta,
Maldita a mão que me concede o tapa,
Maldita a boca que me escarra.
Maldito o dedo no gatilho.

Suaves e malditos são
A caneta, o papel e os versos
Que restaram nesse pobre papel.

Alvessantos
Ingiro cápsulas coloridas
De alguns “tarja preta”
Todas as noites antes de dormir.
Sempre de forma controlada,
Muitas vezes descontroladas e
Acompanhado de uma bela
Dose de conhaque.

Sei que não posso morrer;
Pois a morte me deixou,
Abandonado embriagado,
Abraçado num poste de um orelhão
Sujo naquela noite fria.

Um indigente, sou um indigente!
Furtado pelos filhos da noite;
Drogados e felizes.
Com seus desejos insanos.
Apenas mais um.
Um maltrapilho,

São ócios da vida boêmia.

Alvessantos. abril/2009

OI VALF

Quando eu morrer,
Não quero flores
Sobre meu corpo.
Não quero prantos,
Silêncios, velas queimando.
Não quero cadeiras enfileiradas,
Nem cafezinho em xícaras.

Quero um corpo nu,
Coberto por minhas fotografias.
Quero um sorriso imenso
Em minha face pálida.
Velas apagadas
Todos cantando
“canto para minha morte”.

Vinhos baratos,
Cervejas e cachaças
Acompanhados de
Pasteizinhos e torresminhos.


alvessantos. abril 2009

Viagem

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trilhos da EFG